quarta-feira, 20 de maio de 2009

Governo Serra distribui livro que "ensina" palavrão e faz alusão ao PCC





Qua, 20/05/09 13h33

Anda pródiga em produzir más notícias a secretaria de Educação de São Paulo sob o governo tucano de José Serra. A novidade da vez é o livro, distribuído a alunos da terceira série do ensino fundamental das escolas da rede pública, que traz palavrões, conteúdos de conotação sexual e chega mesmo a fazer alusões ao Primeiro Comando da Capital (PCC), facção que se notabilizou por atuar no crime organizado em São Paulo.

Em março, a secretaria já tinha ocupado as manchetes por enviar livros didáticos com conteúdos errados na parte de Geografia. O lapso "ensinava" que o mapa da América do Sul tem dois Paraguais, alterava a posição do Uruguai e sumia com o Equador dos países fronteiriços ao Brasil. Constatado o equívoco, o governo alegou ser "apenas" um problema de impressão das apostilas e a vida seguiu em frente. O escândalo atual está na obra "Dez na Área, um na Banheira e Ninguém no Gol", que traz expressões "edificantes" como "chupa rola", "cu" e "chupava ela todinha". Ao falar sobre jogos de futebol em presídios, o livro apresenta um desenho, com presos portanto armas e bandeirolas da facção criminosa. Em outra gravura, um balão faz propaganda de entorpecentes das "organizações PCC".

Alarmado com nova pauta negativa vinda da secretaria - cujo comando recentemente foi trocado e o posto assumido por Paulo Renato de Souza, ex-ministro de FHC -, José Serra lamentou o fato, que considerou mais grave que o anterior, determinou o recolhimento das obras e a abertura de sindicância para apurar responsabilidades.

Culpados à parte, os casos são reveladores da falta de prioridade dada à educação em sucessivas gestões do PSDB, partido que governo o estado desde 1995, mas estão longe de serem únicos. Somam-se a já conhecida lotação das salas de aula, à desvalorização dos profissionais da educação, aos resultados constantemente constrangedores obtidos em avaliações.

Espera-se que a sucessão de pautas negativas sirva, ao menos, para chamar atenção para escuridão que reina neste setor e, numa projeção talvez exageradamente otimista, desperte no poder público um lampejo de boa vontade para melhorar a situação do ensino público paulista.

De São Paulo,

Fernando Borgonovi

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